sexta-feira, 30 de outubro de 2009

OMG Entrevista: Ditadura Gay - O movimento homossexual

Entrevista com Julio Severo



CRISTIANISMO HOJE – Que tipo de ameaças o senhor recebeu por conta de sua militância contra a homossexualidade e que o obrigaram a deixar o país?
JULIO SEVERO – Precisei sair do país depois que procuradores federais, numa atitude abusiva, intimaram um amigo meu a revelar minha localização. A alegação deles é que havia uma queixa de homofobia registrada contra mim em 2006 [N.da Redação: Procedimento Administrativo Cível nº 1.34.001.006020/2006-44, aberto a pedido da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, a ABGLT ]. Sou alvo de outros tipos de ataques. Ameaças, xingamentos. Em julho de 2007, meu blog foi fechado pelo Google depois de uma longa campanha de denúncias de ativistas homossexuais. Graças à intervenção de advogados evangélicos e de um procurador, o Google liberou meu blog, entendendo que meu direito de livre expressão estava sendo violado. Tempos atrás, interceptei uma mensagem do líder máximo do movimento homossexual brasileiro, Luiz Mott, direcionada a outros dirigentes gays, onde havia o pedido para que se levantasse a meu respeito informações pessoais, como nome completo, endereço, fotos, histórico etc. Regularmente, aparecem páginas na web com conteúdo de pornografia homossexual contendo meu nome, como se eu estivesse ligado a tais obscenidades. Um conhecido site esquerdista chegou a publicar uma entrevista forjada, onde um falso “Julio Severo” se confessa um homossexual promíscuo.

Quando o senhor saiu do Brasil?
Saí no fim de março deste ano.
Onde o senhor está atualmente?
Não posso revelar o lugar por motivo de segurança para mim e minha família.
Qual tem sido sua atividade e o que o senhor está fazendo para se manter?
Minha atividade aqui é exatamente a mesma que desenvolvia no Brasil: alertar, informar e conscientizar a sociedade através do meu blog. Não vou abandonar minhas responsabilidades para com o Brasil. Meu sustento atual está vindo da colaboração voluntária dos leitores e admiradores do meu trabalho.
Com base em qual instrumento legal o senhor tem sido denunciado?
Na base da pura truculência estatal. A Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) teve seu direito de livre expressão totalmente violado numa campanha de defesa da família, pois sob pressão de ativistas gays e do governo federal, uma juíza acolheu uma queixa de homofobia contra a entidade. A Vinacc foi obrigada a remover seus outdoors, com mensagens como “Homossexualismo: E Deus os criou homem e mulher e viu que isso era bom”. Essa simples declaração foi considerada criminosa e homofóbica.
E como está a ação movida pela ABGLT?
Não sei. Pelo tempo que já passou, considero essa ameaça sem efeito. Foi o que fiz também em 2006, quando recebi um e-mail da Associação da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, dizendo que estavam entrando com queixa contra mim no Ministério Público Federal [MPF]. Não dei atenção, pois recebo muitas ameaças. Em maio de 2008, Luiz Mott declarou publicamente que entraria com queixas contra mim no MPF e outros órgãos. Depois da nossa saída do Brasil, sei que o MPF do Rio Grande do Sul pediu o arquivamento do caso, o que será decidido pela Procuradoria Federal paulista, de onde a ação é originária.
Por que o senhor começou sua militância nesta área? Já teve algum envolvimento homossexual?
Eu nunca fui homossexual. No começo de 1995, senti claramente Deus me dirigindo a escrever um livro sobre a ameaça do movimento homossexual. Durante algumas semanas, hesitei, pois o tema era um tabu enorme. Não havia paradas gays, nem a obsessão homossexual que vemos hoje na mídia, nas escolas e em outros segmentos. Depois de algum tempo, venci meus temores e aceitei o chamado do Espírito Santo, começando a pesquisar sobre o movimento homossexual. Quando, em meados de 1995, ocorreu no Brasil a primeira conferência internacional da ILGA [International Lesbian and Gay Association] no Hemisfério Sul, entendi a intenção divina de me chamar para o combate, pois depois daquele evento os grupos gays brasileiros ganharam um impulso extraordinário. Foi assim que nasceu meu livro O movimento homossexual.
Muitos de seus detratores o chamam de radical. O senhor se considera um fundamentalista?
Sou apenas um servo de Deus, radicalmente apaixonado por Jesus. Muitas igrejas do Brasil, tanto evangélicas quanto católicas, estão comprometidas com a esquerda, e é natural que queiram tachar de radical quem ouse pensar diferente da ideologia predominante na sociedade e nas igrejas. Quanto às designações, no final vai valer somente o que Deus disser. Por isso, minha meta é agradar a Deus.
Embora desagrade à Igreja, a regulamentação da união civil entre homossexuais ganha força em todo o país, já que os tribunais têm não apenas reconhecido os direitos decorrentes das uniões homoafetivas, como também concedido aos parceiros gays o direito à adoção de filhos na condição de “dois pais” ou “duas mães”.
Em um Estado democrático de Direito, o segmento religioso tem legitimidade para interferir na vida em sociedade?
Em um legítimo Estado democrático de Direito, a família natural e seus interesses são respeitados e protegidos acima de todo e qualquer interesse de outros grupos. O que a falsa democracia brasileira quer impor é a descaracterização da família e sua importância, colocando como prioridade um comportamento sexual antinatural que nenhuma função tem para a preservação da espécie humana ou para a estabilidade da família. Do ponto de vista natural, a homossexualidade é uma das maiores aberrações e ameaças à família natural. Ora, a sociedade é dividida em diferentes segmentos ideológicos. Há o segmento que tem ideologias religiosas e o segmento que tem a ideologia homossexual. Se a maioria religiosa não tem o direito de impor sobre a sociedade seus valores, que direito tem então a minoria homossexual de fazê-lo? Do ponto de vista da democracia tradicional, é ditatorial submeter a vontade da maioria à de uma minoria. Só uma democracia deturpada permitiria tal medida.
O aborto é outro tema importante na atual agenda política brasileira. Setores do governo, do Poder Legislativo e da sociedade defendem a ampliação de sua legalidade, hoje restrita aos casos em que a gravidez ameaça a vida da mãe ou é originada de estupro. O que o senhor pensa a respeito?
Acho o aborto um problema muitíssimo importante, pois envolve o sacrifício de inocentes. A legalização do aborto faz parte de um projeto das trevas para expandir a atividade demoníaca na sociedade, com suas consequentes devastações. As igrejas evangélicas, de forma geral, estão em cima do muro. Igrejas como a Universal, que apoiam o aborto, se descaracterizam completamente como entidades cristãs. Uma cultura que desvaloriza crianças – e temos de reconhecer que a atual cultura é fundamentalmente contraceptiva – fatalmente valoriza o aborto. Ao invés de confrontar essa cultura, tudo o que as igrejas têm conseguido fazer é se adaptar. É uma apostasia que começou na área sexual, afetou o casamento e a família e agora atinge em cheio os púlpitos, tornando as igrejas cristãs e suas mensagens quase que socialmente insignificantes.
Falta conscientização política e social aos pastores brasileiros?
Muitos pastores desconhecem os embates culturais e preferem não se envolver na política, por causa da corrupção presente até mesmo entre políticos evangélicos. A esquerda evangélica hoje detém quase que exclusivamente o monopólio da tal “conscientização política e social”. Daí, quando se fala em ação política ou social evangélica, a primeira imagem que vem à mente do público cristão é a imagem de igrejas e grupos religiosos atuando como se fossem meros braços assistencialistas do Estado socialista. Essa visão deformada é praticamente a única que os evangélicos do Brasil têm de “ação social”. Falta uma visão genuína de Reino de Deus para a atuação dos evangélicos na política brasileira.
O combate ao sexo pré-conjugal é uma de suas bandeiras, assim como da maioria das igrejas evangélicas. Como convencer o jovem cristão a manter a castidade num mundo que enfatiza o prazer e o descompromisso das relações?
O tipo de castidade que as igrejas evangélicas hoje defendem é impossível, pois requer dos jovens abstinência sexual, mas não propõem casamento quando seus impulsos exigem satisfação a todo custo. O adolescente evangélico vai à escola, onde recebe doutrinação estatal para fazer sexo de todas as formas possíveis; vê seus amigos namorando e fazendo sexo; o que ele acaba fazendo? Para piorar, as igrejas e as famílias dizem ao adolescente e ao jovem que reprima suas tentações e não pense em casamento até acabar os estudos. O resultado é que acontece hoje entre os jovens evangélicos exatamente o que está acontecendo entre os jovens não-cristãos: sexo promíscuo. Num tempo de suas vidas em que a prioridade de seus sentimentos está voltada ao sexo, as pressões principais sobre os jovens — vinda dos pais, dos amigos e das igrejas — colocam o casamento em último plano. Falta muita valorização do casamento e família para os jovens.
O senhor não acha mais sensato orientar os jovens a priorizar o preparo intelectual e profissional visando ao seu futuro?
A Bíblia nos instrui: é melhor casar do que abrasar-se. O jovem vive muitas vezes abrasado, pois está cercado de lascívia e prostituição. Por isso, quando o jovem não consegue mais se controlar, é fundamental não pressioná-lo a sacrificar possibilidades de casamento por causa de metas educacionais. De que adianta, do ponto de vista do Reino de Deus, um evangélico ter diploma universitário e um rastro de prostituição ao longo de sua caminhada? Ele terá grandes perdas espirituais e problemas pelo resto da vida, inclusive conjugais, pois sacrificou todos os seus valores em prol da educação. Portanto, se o jovem sente que é hora de casar, em vez de pressioná-lo ao contrário, as famílias evangélicas envolvidas deveriam apoiar e ajudar o moço e a moça a começarem sua vida juntos. Eles precisam se casar.
Não é arriscado apostar num casamento tão prematuro?
O que pude constatar em várias igrejas é que a maioria dos jovens que namoram já está fazendo sexo. Filhos de pastores estão engravidando moças fora do casamento. Filhas de pastores estão tendo bebês sem casar – isso quando não os matam através do aborto. Tudo é sacrificado: bebês, casamento, moral, espiritualidade, comunhão com Deus. Tudo – menos as idolatradas metas educacionais. O caminho certo é encaminhar rapidamente esses jovens ao casamento. Por isso, quando as famílias evangélicas sentem que o rapaz e a moça já estão num namoro, é recomendável ajudar num casamento sem demora. Aliás, o conceito de namoro é uma invenção moderna sem nenhum apoio na Bíblia. Na área sexual e em outras áreas importantes, o que deve haver é compromisso. Não quer casar? Não namore. Quer sexo? Case-se. A cultura do namoro leva menos ao casamento do que ao sexo promíscuo. Só os rapazes e moças que não estão namorando ou não tendo nenhum tipo de relacionamento abrasante é que podem prosseguir com suas metas educacionais. Os outros, para o seu próprio bem-estar físico, moral, espiritual, psicológico e conjugal, precisam se casar o mais cedo possível.
Em seu blog, o senhor fez uma relação de líderes evangélicos que apoiaram ou apoiam o governo Lula, aos quais não poupa críticas. Por quê?
É triste constatar que famosos pastores e outros líderes com forte presença política conhecem os graves problemas do Brasil, mas não assumem uma postura profética de ação e denúncia porque querem aproveitar suas ligações e alianças políticas para avançar em suas ambições pessoais, ministeriais ou denominacionais. A grande tragédia é que, assim como eles usaram Lula, Lula também os usou. Como eles conseguirão denunciar profeticamente a promoção do aborto e do homossexualismo na sociedade brasileira, sabendo que o principal responsável por tal promoção é o “ungido” que eles escolheram para a presidência do Brasil? A maioria dos líderes evangélicos deste país tem grande responsabilidade por tudo o que está acontecendo na sociedade brasileira e um dia darão contas a Deus por terem trocado a fidelidade ao Senhor por ambições e dinheiro. O apoio deles a Lula foi público, de modo que minha exposição do nome deles no meu blog nada mais faz do que tornar público o que já o é. É para que ninguém se esqueça e possa orar por eles – além de perceber que, em questões políticas, os conselhos que dão são inconfiáveis.
O senhor costuma associar o avanço da militância homossexual à ideologia esquerdista e denuncia uma suposta simpatia do governo Lula à causa da homossexualidade. Qual seria a intenção do governo em favorecer os gays?
Quem diz que apoia a agenda gay é o próprio presidente Lula, que declarou recentemente que “setores atrasados” e “hipócritas” têm criticado seu governo por apoiar iniciativas que criminalizam palavras e atos ofensivos à homossexualidade. No início de seu primeiro mandato, em 2003, a equipe diplomática de Lula apresentou na Organização das Nações Unidas e na Organização dos Estados Americanos resolução pioneira, classificando o homossexualismo como direito humano inalienável. No Brasil, há o programa federal Brasil Sem Homofobia, para impor a doutrinação homossexual à sociedade, pois conforme divulgou instituição de pesquisa ligada ao PT [partido do presidente], 99% da população do Brasil não aceita o homossexualismo. E quem é que pode esquecer que Lula declarou que a oposição ao homossexualismo é uma “doença perversa”, convertendo assim a vasta maioria dos brasileiros em “doentes”? Quando um povo não vê a doença moral do seu próprio presidente, o doente é que acabará acusando os sãos de serem doentes! O que faz Lula apoiar tanto o homossexualismo? O mesmo que fazia o rei Acabe do antigo Israel apoiar o homossexualismo inerente ao culto de Baal. Quanto ainda falta para classificarmos Lula e seu governo como possessos? Décadas atrás, quando o Brasil era muito mais católico e conservador do que hoje, Lula seria muito merecidamente enxotado aos pontapés da presidência do Brasil. Hoje, é ele quem está enxotando aos pontapés a moralidade e a honestidade do governo e da sociedade.
Qual o papel da mídia neste processo?
A doutrinação homossexual da mídia é notória e descarada. Homossexuais são falsamente retratados como anjos inocentes e os não-homossexuais como desequilibrados e desajustados. Nas novelas, os parceiros gays são os grandes exemplos de paz e harmonia, enquanto que o casamento normal é apresentado como palco de conflitos, ódio, inveja, traição etc. Quem não se lembra da novela Duas Caras, da Rede Globo, escrita pelo homossexual Aguinaldo Silva, militante de esquerda? Sua obra literalmente pintou os evangélicos como loucos e violentos, enquanto personagens homossexuais promíscuos foram retratados como símbolos de gentileza, educação e comportamento politicamente correto.
O Projeto de Lei 122/2006, que entre outros pontos criminaliza a prática da homofobia no Brasil, tem sido combatido de maneira intensa pelos evangélicos, que identificam no seu conteúdo uma ameaça à liberdade religiosa no país. Contudo, o Artigo 5º da Constituição Federal assegura ampla liberdade de crença e direitos individuais de opinião, inclusive na forma de cláusulas pétreas. Não tem havido muitos exageros nesta questão?
A perseguição aos cristãos alcançou a Alemanha e a Rússia no passado porque os cristãos não souberam reconhecer que, por trás das mentiras e da fachada, o nazismo e o comunismo eram ideologias destrutivas. É sempre assim: o sistema de perseguição entra na sociedade em roupagem elegante, como eram elegantes o nazismo e o comunismo. Depois da lua-de-mel, vem o poço do abismo. O PL 122 é um projeto que mal consegue disfarçar suas más intenções. Quando meu livro foi publicado, muitos o acharam exagerado e disseram que suas previsões nunca ocorreriam. Infelizmente, acabaram ocorrendo. E quem leu hoje me chama de profeta.
Autor: Carlos Fernandes

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

OMG Entrevista: “Nem os pastores põem mais fé na EBD”

O teólogo e médico Angelo Gagliardi Júnior, 53 anos, escreveu o livro Você acredita em Escola Dominical? no fim dos anos 1990, no qual debatia a crise desse modelo de ensino. Em entrevista à CRISTIANISMO HOJE, ele mostra que o tema continua atual.

CRISTIANISMO HOJE: Que tipo de experiências o motivaram a escrever o livro “Você acredita em Escola Dominical?”

Amor desde a infância pelo estudo da Bíblia e inconformismo pela forma com que as nossas Escolas Dominicais vinham desempenhando o seu ministério em nossas Igrejas desde sempre , o tipo de “formação” , o tipo de “crente” que ela vinha “preparando” , frágeis , imaturos,inexperientes, desmotivados.

A visível prática em nossas Escolas Dominicais da Anti-Reforma Protestante , afastando a Bíblia das mãos do povo , desestimulando o seu estudo , meditação e prática. A ênfase prioritária às metodologias eclesiásticas já caducas, o aferrar-se às revistas ralas da denominação para “manter” o controle doutrinário.

O abandono completo de um sério investimento em material para pesquisa , formação , e instrução do corpo docente , bem como de uma escolha responsável e criteriosa do mesmo .



Um dos grandes questionamentos da nossa matéria também é o formato convencional da EBD que muitas igrejas se recusam em adotar, você acha que isso é motivo para que não tenham esse ministério?

Nunca enfatizei o formato, nem o apego a uma exclusiva metodologia , ou sequer a um único material didático acessório ou complementar. A Escola está posta como ministério na Igreja para promover o conhecimento de Deus, revelado em Cristo Jesus , a instrução , a formação , a maturação do povo de Deus através do ensino , da meditação , do compartilhar da Palavra de Deus , em pequenos grupos homogêneos ( separados por maturidade cristã ou interesses comuns), com a possibilidade da troca de informações e experiências , num ensino ordenado, progressivo , didático e conduzido pelo E.Santo , através de vidas piedosas e comprometidas com o ministério do ensino . Gente sendo salva e entendendo que seus propósitos de vida com Deus incluem adorá-Lo , reunirem-se em família cristã , desenvolverem algum (ou alguns) ministério(s) na comunidade , crescerem e amadurecerem sadiamente , e evangelizarem a outros .



Quais as principais mudanças da EBD de 30 anos atrás para a de hoje?

Vejo apenas esforços aqui e ali no sentido de tentar vencer as enormes dificuldades estruturais e de logística que as EBD enfrentam, mas sem muito resultados positivos . Basicamente os problemas são os mesmos com o agravante de que, 30 anos depois, o Evangelho é apresentado hoje numa visão mais utilitária , superficial , hedonista , sem ênfase ao necessário conhecimento da Palavra , ao arrependimento , à mudança de vida e ao compromisso com o Senhor .



Aponte os principais pontos que evoluíram e os que regrediram na EBD?

A Escola Dominical é uma escola , e como tal tem que ser pensada , e trabalhada . Até as mudanças , quando realizadas, não podem ser mumificadas , cristalizadas , dogmatizadas. Creio que evoluiu o fato de hoje haver bem mais igrejas , comunidades , denominações , questionando-se , e pensando em buscar soluções e alternativas . Isto era impensável há 30 anos atrás , matava-se o povo de fome com absoluta frieza e dureza , em nome da tradição denominacional. O que regrediu, foi o cada vez maior desapego ao ensino e manuseio da Bíblia , ela mesma , como material central de estudo da Escola.

Até aquelas igrejas que fizeram mudanças na EBD , equivocaram-se ao substituírem o estudo das Escrituras por livros , apostilas , testemunhos , etc… É contudo a Bíblia a Palavra de Deus , o alimento , a espada , o mel , o fel , a lâmpada … Ela é insubstituível como instrumento de Revelação de Deus .



Quais são os maiores benefícios que esse ministério proporciona à Igreja?

A Educação Religiosa faz-se prioritariamente ( ainda que não exclusivamente) na Igreja por meio da EBD. Púlpito , células , sociedades internas , reuniões de oração , retiros , congressos , seminários , são parte deste processo educacional , mas nada disto substitui a EBD . Ela evangeliza , instrui , gera crescimento e amadurecimento , estimula, desafia , corrige , exorta , integra etc.. A EBD não é uma das sociedades internas da Igreja , e por isto não pode competir com estas , por tempo,pessoal,recursos etc… A EBD é a Igreja sendo instruída , trabalhada , amadurecida , preparada , para servir às sociedades internas . Ela só pode ser tratada como prioridade na Igreja. Uma EBD forte , eficiente , Bíblica , inevitavelmente proporciona uma comunidade sadia, viva , quente , madura , evangelística , missionária , integrada. Muitos pensam que boas e ativas sociedades internas ou até mesmo um fervilhante , útil e necessário projeto de células na Igreja podem tornar irrelevante ou dispensável o ministério da EBD . Isto é um sofisma , um “canto de sereia” podendo conduzir igrejas ao naufrágio da raleza , desnutrição e do ativismo. Há sim características semelhantes entre estes ministérios como trabalhar em pequenos grupos , a oportunidade de testemunhos e participações individuais , bem como acompanhamento e “pastoreio” de indivíduos,aliviando a centralização desta missão e responsabilidade de estar exclusivamente sobre o pastor da comunidade. Por que não investimos também tempo na escolha e preparação de líderes para professores da EBD ? Por que não podemos deixar os alunos da EBD sob o pastoreio dos seus professores e secretários das classes da EBD ( assemelhando-se ao que Filipe e Barnabé faziam no relato de Atos dos Apóstolos) ? Por que não possuir uma estrutura ou um projeto de EBD com classes semanais substituindo ou complementando a EBD dos domingos ? São alternativas que podem complementar os ministérios desenvolvidos pelas sociedades internas e pelas células. Só a EBD pode trabalhar com grupos mais homogêneos , e ela mesmo homogeneizar ( com os mesmos conhecimentos básicos ) toda a comunidade .



Quando o senhor fala no livro a respeito de credibilidade, questiona a respeito da nomenclatura do ministério. Muitas igrejas têm usado essa estratégia, mas são criticadas, pois além da mudança do nome, também fazem mudanças na estrutura, o que o senhor pensa sobre isso?

Não se trata de mudar apenas porque é preciso mudar . Não basta simplesmente mudar o nome, ou o material didático , ou a grade de horários e temática ! Talvez frequentemente vá ter que passar por aí também , mas a questão é muitissimo mais profunda , é uma questão de visão , de importância , de prioridades , de filosofia . Sem que estas coisas mudem primeiro , nada dará resultado. São vinhos novos (às vezes) em odres velhos ! São conceitos e princípios intimamente , celularmente entranhados ! Ninguém mais põe fé na EBD , nem os pastores ! O tempo decorrido , as experiências inúmeras fracassadas , as estruturas paleontológicas mumificadas , as tentativas transformadoras que também não foram aperfeiçoadas ou revisadas , os parcos e ultrapassados recursos didáticos e pedagógicos disponibilizados , os modismos , as enormes necessidades administrativas X tempo escasso dos pastores , a Biblicamente profetizada frieza espiritual , a escassez de líderes , o ativismo na Igreja , os inúmeros compromissos de trabalho secular que envolvem hoje as famílias, os variados teleevangelistas , lutam em favor do esvaziamento da EBD. Há projetos novos , alternativos , bem formatados , prontos para consumo , contando com bons argumentos Bíblicos,que,como já disse anteriormente,parecem substituir a contento ( até com vantagens na visão de alguns) a EBD .



Como é possível resgatar no coração dos cristãos a importância/utilidade da EBD?

Só com a participação verdadeira e comprometida dos líderes e pastores das comunidades. O púlpito exalta o pregador . As sociedades internas e as células são, administrativamente falando, mais fáceis de serem operadas , municiadas , gerenciadas e aliviam grande parte do descomunal peso transferido equivocadamente para as costas do pastor . Contam ainda,como já disse anteriormente , com fortes argumentos Bíblicos a seu favor e estrutura e material já prontos . Mas quem proverá o ensino da Palavra de forma cuidadosa , metódica , ordenada , progressiva (do leite progredindo ao sólido) , clara e inteligível , administrada adequadamente ( a cada um segundo a sua necessidade e/ ou interesse) , para grupos homogêneos ( não por endereço ou por apreço a determinado líder) , planejada e revisada segundo as necessidades contemporâneas de cada comunidade ? SÓ UMA BOA ESCOLA DOMINICAL! Todos os avivamentos apresentados em especial no V.T. , possuem, como instrumento de Deus ,a Sua Palavra . Esta ,anunciada, pregada , ensinada , desde que ouvida e entendida , acompanhada sempre pela presença e pelo sopro do E. Santo . É só investir um tempinho de meditação nos textos muito conhecidos de : II Rs 22 e 23 ; Ne 8 a 10 ; Ez 37: 1 – 15 . Quem quer experimentar Avivamento? Só através do ouvir da Palavra anunciada com a unção do E. Santo.

O senhor acredita que um dos maiores problemas da EBD atual é a falta de competência dos ministros? A geração Y (da Internet) não se contenta com formatos tradicionais e pessoas despreparadas?

A Wikipédia nos socorre : A Geração Y é um conceito em Sociologia que se refere, segundo alguns autores, aos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 em diante.



Esta geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os seus pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, encheram-nos de presentes, atenções e atividades, fomentando a sua auto-estima. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Lidando com Power point e Netbooks . Acostumados a sempre conseguirem o que querem. Eles tem se tornado o público-alvo do consumo de novos serviços e na difusão de novas tecnologias,público exigente e ávido por inovações.

Claro está que uma Escola pedagogicamente atrasada , deficiente em instalações e conforto , recursos didáticos paupérrimos( lousa,giz ou Pilot ) ,ministrando sobre um livro que já foi escrito há mais de 2000 anos, só pode obter sucesso se seus ministradores forem gente de Deus , comprometidos , piedosos , ungidos e bem preparados , falando aos corações e mentes com clareza , propriedade,adequação e utilidade , sob a graça e o poder de Deus. Quando há graça,unção e poder ,até mesmo a falta de recursos didáticos torna-se imperceptível. Assim creio que falta de unção agrava muitíssimo a falta de competência pedagógica .

Onde estão estes ministradores ungidos e preparados ? Aí estão as grandes chances de encontramos uma EBD relevante . Agora organizemo-la e vamos supri-la com o que de mais moderno e atual podemos contar em termos de recursos didáticos , em ambiente agradável e tão confortável quanto a comunidade possa prover e a temática ministrada mereça .



Por que há falta de dedicação por parte da igreja e de seus líderes no investimento da EBD?

Por todas as enormes dificuldades envolvidas em encontrar e formar um corpo docente competente e confiável , responsável e comprometido , disponível e envolvido . Pelas dificuldades em estruturar e gerir uma EBD relevante ( logística,currículo , material didático , corpo docente e discente , etc ). Pelas muitas frentes de investimento dentro da Igreja a consumir os freqüentemente poucos recursos, limitando o aparelhamento dos espaços e a compra de material didático . Pela tradicional história de absenteísmo e ineficiência da EBD .Pelo tipo de evangelho pregado em muitas igrejas evangélicas , priorizando o púlpito e os cultos públicos , em detrimento do estudo metódico, em pequenos grupos,das Escrituras . Pela moderna alternativa , bem apresentada e preparada , do trabalho de pequenos grupos semanais , entendida por uma minoria (ao meu ver equivocadamente) como substituta da EBD . Mas sobre tudo isto ,uma enorme necessidade de Avivamento espiritual no meio do povo de Deus.