Confira abaixo a entrevista com o Bispo:
Tendo chegado ao posto de segundo homem mais forte da Igreja Universal, e Bispo responsável pelo Brasil, o que o motivou a deixá-la da primeira vez?
Foram muitos os motivos, porém, o principal foi quando, em reuniões de bispos e líderes, a igreja decidiu constituir um partido político e usá-lo como instrumento principal para galgar o poder. Eu sempre estava indo contra esse pensamento, pois todo cristão consciente sabe que o Reino de Deus é o nosso fator determinante de qualquer mudança e que n’Ele está todo o poder de que poderíamos necessitar, pois trata-se do poder do nosso Deus. Quando eu via a igreja buscando alcançar o poder por meios exclusivamente humanos, vi que já não havia lugar para mim aí. E foi isso mesmo que aconteceu… Eu fui “auto-exilado” para a Califórnia, estive em Los Angeles e em San Diego por três anos, e a IURD acabou caindo nessa rede que todos já sabem… tiraram pastores e bispos dos altares, jogaram-nos na “cova dos leões”… mas não havia Deus para livrá-los. E vieram as lamentáveis e vergonhas ligações de bispos e pastores com os escândalos políticos que já sabemos… “sanguessugas”, “ambulâncias”, “jogos”… no que até resultou em prisões de homens que no início da igreja até foram usados por Deus… uma lástima. Enfim, foi essa troca de valores que me fez deixar, com tristeza, a igreja que tanto amei… nessa primeira vez.
Depois de ser apontado pela revista Billboard (em sua edição internacional) como o maior nome da música cristã da América Latina, você pensou em algum momento dedicar-se exclusivamente à carreira musical?
Não, porque nunca dei valor ao cantor, ao compositor, ou ao guitarrista Renato Suhett, mais do que ao Bispo Renato Suhett… Deus me mostrou desde o começo que o músico é quem segue ao Bispo e não o contrário… Na verdade, o músico que sou é apenas um apêndice do bispo que Deus, pela Sua misericórida e graça me ungiu. Creio que aqui vale ressaltar o que o apóstolo Paulo escreveu em Romanos 11:27: “porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”.
Enquanto liderava a IURD no Brasil, teve esperança de que ela pudesse mudar, isto é, tornar-se numa igreja mais bíblica e doutrinariamentie sadia?
Sim. Aliás, essa era a minha meta: Colocá-la no que chamamos de “sã doutrina”. Não por mim, mas pela direção do Espírito Santo. Era até mesmo um voto que eu tinha com Deus. Mas como um dia o Bispo Macedo me disse, aos gritos: “Graças a Deus que não deixei você mais como bispo do Brasil… Você iria acabar com a minha igreja, com o que eu quero para a Universal.” Creio que não precisa dizer nada mais.
Por que sua ênfase passou a ser a graça depois de sua saída da IURD?
Ora, eu queria “exorcizar” tudo aquilo que havia visto e aprendido na Universal e fui buscar nessa antítese, um extremo que muito me custou, pois aí, eu errei, exagerei, creio mesmo que perdi a visão de Deus, neste afã de estar contra tudo o que dizia respeito a Universal… Aí eu errei e feio… Peço perdão a Deus e a todos que foram, direta ou indiretamente, atingidos por este erro. Sinceramente, a salvação é mesmo pela graça, é claro, é bíblico, mas não precisava que eu exagerasse tanto. Tirei a Ceia, o Batismo, deixei de expulsar demônios, etc. Esquecendo-me que essas coisas não são sugestões de Deus, mas ordens daquele é que o nosso Senhor Jesus Cristo. Errei, vacilei… Que bom que a misericórdia de Deus me contemplou. Sou um sobrevivente por esta misericórdia divina, com certeza…
Em que momento você acha que seu ministério perdeu o ponto de equilíbrio em termos doutrinários?
No afã de desdizer exageradamente tudo que era da Igreja Universal, acabei me desviando das diretrizes básicas do Senhor Jesus. Aí está o ponto… e como não, do orgulho de achar, na queda, que eu poderia falar o que viesse na minha cabeça, e que estava sempre certo. Meu Deus… que vergonha… Creio que todo líder deveria ter como lição obrigatória um vídeo do meu primeiro líder, Bispo Roberto McAlister, que inclusive está disponível no Youtube e que se chama “Orgulho”. Neste vídeo, ele fala, pelo Espírito Santo, de tudo que devemos ponderar e refletir ao assumirmos essa função de liderar homens e mulheres na obra que é de Deus. Com isso, estou admitindo categoricamente que também pequei por orgulho.
Qual a razão de você haver mudado radicalmente sua mensagem, passando a divulgar o exoterismo?
Foi uma tentativa de trazer um grupo, que a meu ver, nenhum igreja ainda o havia alcançado para Cristo (Desculpem-me se estiver errado): Os chamados esotéricos, espiritualistas (que não são os espíritas, candomblecistas, ou macumbeiros). Achei que poderia ajudá-los a chegar ao evangelho de Cristo, como se diz: “ganhá-los para Jesus”. Mas já estava eu tão desacreditado pelos evangélicos, alienado, marginalizado, por meus ímpetos de orgulho, etc. E parece que a imitação foi tão “bem feita”, que acabaram disseminando no meio evangélico que eu, de fato, havia me tornado exotérico. Imagine você em que confusão fui me meter… Creio que seria o caso do roto falando do esfarrapado. Eu não tinha condições espirituais mínimas, naquele momento, de encarar uma empreitada dessas… hoje até me faz rir, mas foi muito triste. Uma grande confusão, total, desordenada e completa. E eu ali… feito um bobo, acho que nem sabia mais quem eu era, o que era, ou para que estava vivendo… além de perder a visão, creio que perdi a noção e a razão. E veja que até hoje tem gente que me olha meio de lado, talvez pensado: esse homem esteve em “sociedades secretas”, etc. Discretos ou indiscretamente… [risos] Desculpe, mas estou rindo de pensar a que ponto um homem chega de ridículo, quando perde a visão e a direção do Espírito Santo. “A minha alegria é o Senhor, que conheceu a minh’alma e não me rejeitou”… Só Deus mesmo para nos aturar… porque nem eu mesmo sabia mas quem era. Foi, simplesmente, horrível essa fase.
Por que decidiu retornar à IURD?
Aí vamos parar no outro extremo. Foi tanto exagero, exacerbações… que decidi voltar após ouvir um conselho de um amigo, homem de Deus (não sei se ele me autorizaria dizer seu nome, mas Gleiber de Andrade). Este homem me disse, estando eu no Rio de Janeiro: “Olha, Renato, o que você está fazendo com sua vida. Lembra de onde caís-te, arrependa- te e volta”. Considerei esta palavra, orei e o fiz literalmente: Voltei lá para catedral do Brás, achando que deveria ter caído, ou começado a cair por ali, quando ainda era o bispo do Brasil na IURD. Achando que a Universal havia mudado (que duendes e fadas existiam, bem como o Papai Noel…[risos]). Mas na situação que estava, acho que valeu a experiência, pois voltei a ter contato com “algo”, um mínimo residual do Evangelho pleno, creio eu.
Em algum momento sentiu que seu testemunho foi usado para estancar o êxodo de membros da IURD para outras igrejas como a Mundial?
Em todo tempo… [risos] Depois, lá na frente, estando no México e quando me mandaram de volta ao Brasil e o Romualdo me recebeu, não com aquele carinho do tempo do testemunho, mas de outro modo, e dizendo que o Bispo Macedo tinha outro plano pra mim, que não deveria estar mais no altar e sim ser um tipo de diretor ou gerente de uma rádio em Volta Redonda… e esquecer o altar. Aí a ficha caiu. Fui simplesmente um objeto de uso, quanto do testemunho, para que outros não saíssem mais e sofressem como sofri… Entendi tudo e vi que estavam tentando enterrar o que Deus me deu, e em vida (enterrar-me vivo). Óbvio que pulei fora, pois não havia mais lugar ali para mim. Muito menos nos dias de hoje. Saí de lá para entrar de vez no Reino de Deus, agora sim… não por mão do Bispo Macedo, nem de ninguém, mas de Deus mesmo. Que bom!
Quanto tempo foi preciso para que retornasse ao púlpito?
Fiquei um ano na “geladeira” no Brasil e trabalhei como pastor por dois anos no México, onde tive o privilégio de conhecer uma gente maravilhosa e muito aberta ao Evangelho. Só lhes falta este Evangelho verdadeiro e pleno. É, de fato, um campo a ser desbravado. Foi uma boa experiência, pois por dois anos tive que trabalhar como pastor sem nenhum auxiliar, fazendo quatro reuniões diárias. Aprendi muita coisa lá. Valeu muito e não me queixo de nada, principalmente por aquele povo tão sincero de coração que são os mexicanos.
Por que resolveu deixar a IURD novamente?
Porque entendi que o “cantado e decantado perdão ao filho pródigo” não passava de uma grande panacéia pra “brasileiro ou si lá quem ver”. rs Ora, o Bispo me proibiu de pregar e queria que eu fosse um executivo… meio executivo de rádio…nem sei o que é isso. Meu objetivo é viver do e no altar do Senhor até o fim dos meus dias…
É verdade que foi recebido pela Mundial?
Não. Quando voltei estive com o apóstolo Valdemiro por uma vez e assisti a umas reuniões dele. Afinal, fui eu que, quando Bispo do Brasil, o consagrei a Bispo. Foi apenas um encontro de velhos amigos. Mas o ministério que Deus deu a ele é o dele, o meu tem outro perfil. E que Deus abençoe a ele muito, como também ao Bispo Macedo, e a todos da Universal, Mundial, Radial, Medial, Afinal, etc. e tal… [risos]
Quais são suas expectativas ministeriais?
Simplesmente e sinceramente ser um instrumento nas mãos de Deus para estabelecer as diretrizes do Seu Reino aqui, e “preparar o caminho para o Senhor”, tendo sempre em vista que “Ele cresça e eu diminua”. Na prática, evitar os erros do meu passado e aproveitar esta grande oportunidade que o Senhor está dando… Igreja de Jesus Cristo. Tudo muito simples, de acordo com o mandamento do Senhor Jesus: “Amar como Ele nos amou”, curar os enfermos, expulsar demônios, batizar em nome de Jesus, buscar o Espírito Santo, realizar a Ceia do Senhor, não em memória, mas como celebração de Jesus Cristo vivo em nós, Sua Igreja!
Pretende retomar sua carreira musical?
Ah, com certeza que o cantor, o músico e o compositor vão de mala pronta junto com o bispo, é certo… Agradeço muito a paciência de todos para comigo, que Deus os abençoe rica e abundantemente em Cristo Jesus!!!
Fonte: Genizah Virtual e Gospel+
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